Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O longa brasileiro “Ainda Estou Aqui” foi indicado a três categorias no Oscar 2025. Dentre elas a principal da noite de premiações, a de Melhor Filme. É a primeira vez na história que um filme brasileiro disputa a maior categoria do Oscar.
A produção tem outras duas indicações: Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz (Fernanda Torres). O longa conta a história de Eunice Paiva, que se tornou uma das maiores ativistas do país após o assassinato do marido pela ditadura militar. O Brasil nunca ganhou uma estatueta do Oscar.
Desta vez, isso está cada vez mais próximo de acontecer. Diante deste cenário, o Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com os críticos de cinema Caio Pimenta, do Cine Set, e Jonas Coelho, do Inglorious Cine, sobre as reais chances do longa em cada categoria.
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Melhor Filme Internacional
Caio Pimenta avalia que “Emilia Pérez” tinha a vitória nas mãos até as indicações, afinal, tudo apontava que ele seria o único candidato em Filme Internacional na categoria de Melhor Filme. Logo, não haveria sentido você indicar uma produção na categoria máxima do Oscar e fazê-lo perder nesta outra.
“Porém, a entrada de ‘Ainda Estou Aqui’ em Melhor Filme cria uma ameaça à produção francesa. Tudo depende de como o longa chegará no dia: pode ter as críticas colocadas debaixo do tapete junto aos votantes dos EUA e europeus, como tem acontecido até agora ou a reação contrária será forte demais para ser ignorada”, comentou.
Jonas Coelho considera a disputa nesta categoria interessante, porque Emília Perez, favorito com 13 indicações, também está concorrendo nas duas categorias principais. Caso a noite comece confirmando seu favoritismo, é provável que leve também o prêmio de Melhor Filme Internacional.
“Se Emília Perez ganhar a estatueta nessa categoria, será reflexo de sua força na categoria principal. Seria difícil imaginar Emília Perez vencendo Melhor Filme ou Jacques Audiard levando Melhor Diretor, e o prêmio de Filme Internacional indo para ‘Ainda Estou Aqui’. E isso já seria um marco”, explicou.
Melhor Filme
Ambos os especialistas consideram a conquista categoria Melhor Filme como “praticamente impossível”. Jonas Coelho destaca que os brasileiros já podem comemorar a indicação histórica, mas compreender que as chances de vitória são baixíssimas, já que Ainda Estou Aqui não concorre em outras categorias, como “Melhor Diretor”.
“Geralmente, quem vence o Oscar de Melhor Filme também leva o de Melhor Direção, como forma de coroar o trabalho. O filme poderia ter sido indicado a Melhor Roteiro Adaptado, mas isso não aconteceu. Ou seja, foi praticamente um milagre ter entrado nessa categoria. Devemos torcer, mas as chances são de apenas 1%”, disse Jonas.
Caio Pimenta avalia que se “Ainda Estou Aqui” derrotar “Emília Pérez” em Filme Internacional, há a possibilidade do milagre acontecer e o longa brasileiro vencer a maior categoria da premiação. Isso porque o longa do Walter Salles passaria na frente de uma das produções mais fortes da temporada de divulgação.
“Daí, o jogo é contra ‘O Brutalista’, ‘Conclave’ e ‘Anora’. O problema do filme brasileiro, porém, é não ter sido indicado nem a Direção, Roteiro, Fotografia e Montagem: ganhar sem isso é praticamente impossível”, falou Caio, que corroborou com a mesma perspectiva de Jonas.
Melhor Atriz
Tanto Caio quanto Jonas avaliam que a categoria de Melhor Atriz é a grande chance do filme. Caio Pimente ressalta que Fernanda Torres está no filme com a linguagem mais clássica entre as cinco indicadas da categoria. Demi Moore é a favorita, mas, “A Substância” pode afastar muita gente pela violência extrema.
“Há um dilema sobre a Karla Sofia Gascón em “Emília Pérez” dela ser ou não a protagonista – muitos dizem que seria a Zoe Saldaña – e todas as polêmicas do musical. A Mikey Madison é uma garota em uma corrida de veteranas, o que pode levar a Academia a considerar que a indicação, neste momento da carreira dela, é suficiente”, destacou Caio.
Jonas Coelho comenta que Cynthia Erivo (Wicked) tem poucas chances devido ao fato de seu filme ser um blockbuster e parte de uma franquia inacabada. Mikey Madison, por Anora, não vem acumulando prêmios, talvez porque a indústria ainda não esteja pronta para consagrá-la.
“Karla Sofia Gascón sofreu críticas por sua atuação e pelo uso de inteligência artificial para melhorar sua voz em cenas musicais. Por outro lado, Fernanda Torres já venceu o Globo de Ouro, e sua narrativa de conquistar o prêmio que sua mãe não conseguiu, somada à mobilização dos brasileiros nas redes sociais, pode pressionar a Academia”, concluiu.