Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Diante da crescente tensão entre Venezuela e a Guiana, o contingente militar na fronteira de Roraima será reforçado do lado brasileiro, que também está em alerta sobre uma possível invasão dos estrangeiros para o Brasil. O anúncio da criação de uma província venezuelana em Essequibo, área que corresponde a 74% do território da Guiana pelo presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, gera tensão e preocupação, se considerado a ameaça para o presidente da Guiana, Irfaan Alí.
Devido a distância geográfica entre o Amazonas e a Guiana, apenas 897 quilômetros, gera a necessidade de um aumento na segurança por parte das forças militares, para o caso de um possível conflito na fronteira.
Ao portal RIOS DE NOTÍCIAS, o advogado e professor de Direito Constitucional, Anderson Fonseca, destacou que a situação atual exige, sim, uma análise cuidadosa e medidas preventivas para garantir a segurança, uma vez que o Estado de Roraima pode vir a ser atingido pela disputa dos dois países estrangeiros e, consequentemente o mais próximo aos roraimenses, o Amazonas.
Fonseca pontua que, em caso de um possível conflito, poderíamos enfrentar um significativo fluxo migratório na região do Amazonas.
“De certa forma estamos envolvidos nessa situação. Apesar da distância, nós temos uma proximidade grande com a Venezuela. Então, eventualmente, uma situação de conflito pode sim atingir aqui o Amazonas, tendo em vista a proximidade com Roraima, é possível que ocorra, mais uma vez, um eventual êxodo de pessoas para o nosso Estado. “, alertou Fonseca.
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Anderson Fonseca detalha, ainda, as ações em andamento para fortalecer as forças militares diante da possibilidade de conflito em Roraima. “O Ministério da Defesa já despachou tropas para serem colocadas na fronteira, já está mandando blindados e tanques para poder se posicionar ali estrategicamente numa demonstração simbólica de força. Isso para mostrar que nós temos condições de defender o nosso território.”
Da mesma forma, o cientista político Helso Ribeiro também frisa que a distância é considerável, no entanto, uma possível saída em massa da população afetaria o território brasileiro.
“São quase mil quilômetros, isso é fato, né? Mas ninguém quer, metaforicamente falando, um incêndio do lado da sua casa. Um conflito na fronteira Brasil, Venezuela e Guiana não é confortável para ninguém. Isso pode gerar saída em massa da população afetada. E essa saída em massa teria como principal destino o território brasileiro, justamente para o Norte do Brasil.”, salientou Helso Ribeiro.
Helso Ribeiro pontua o quão é importante que o Brasil com suas forças armadas continue mantendo a postura de mediar a situação para evitar um conflito armado.
“Primeiro a gente tem que esperar que isso não ocorra, mas no caso seria mais o Brasil, os efetivos das forças armadas são nacionais, e aí eu acho que o Brasil tem como tentar mediar essa situação para que não haja um conflito armado, e vai caber, evidentemente ao Amazonas se preparar para uma possível chegada de refugiados de ambos os lados da população afligida.
Reforço
Como citado pelo advogado Anderson Fonseca, um reforço militar foi enviado para Roraima e deve chegar em 20 dias. Além disso, a quantidade de militares brasileiros na fronteira foi ampliada e passou de 70 pessoas para 130, como parte das medidas preventivas diante das tensões na região.
“Nós temos aqui a situação de sermos a sede do Comando Militar dessa região. Então, eventualmente, tropas e movimentações passariam por aqui também. No cenário de um possível conflito armado com a migração forçada de pessoas fugindo dessa situação para Roraima e por extensão aqui para o Amazonas, nós precisaríamos estar preparados para receber essa leva migratória não somente com a questão de Estado no que diz respeito ao local da acolhida de pessoas que virem nessa situação mas também abastecidos.”
A comunidade internacional observa com atenção a escalada das tensões entre a Venezuela e Guiana, enquanto o Brasil reforça sua presença militar para assegurar a estabilidade e proteger os interesses nacionais diante do cenário complexo que se desenha na fronteira norte do país.
O governo brasileiro enfatizou que busca por uma “solução pacífica” para o impasse, e destacou a importância de evitar qualquer ameaça à segurança dos brasileiros residentes na região. A proximidade de Roraima com a Guiana Esequiba aumenta as preocupações, tornando essencial a adoção de medidas preventivas.