Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Representada frequentemente no mundo da ficção científica, geralmente em um contexto futurístico e distante, a Inteligência Artificial (IA), na verdade, já é uma realidade dos dias atuais. Ferramentas como o ChatGPT têm impressionado a todos pela velocidade de respostas sobre diversos assuntos. Ao mesmo tempo, a IA também gera dúvidas e temor sobre possíveis efeitos e danos colaterais.
Textos acadêmicos, scripts, e-book e tutoriais feitos em poucos segundos são algumas das centenas que o uso do ChatGPT pode oferecer. A ferramenta caiu no gosto dos usuários em diversos países por dar rapidez a materiais que levariam mais tempo para serem finalizados por mentes humanas.
De acordo o engenheiro de software, Caio Viga, a IA “é um campo da ciência da computação que cria sistemas capazes de realizar atividades associadas à inteligência humana”.
Neste sentido, conforme descreve o coordenador de Tecnologia Educacional da faculdade Santa Teresa, Lauro Rosas Neto, a inteligência artificial seria a representação tecnológica da inteligência humana. Só que ao invés de usar uma estrutura celular biológica usa-se tecnologia de armazenagem, busca e compreensão de dados”.
Diferente, então, do modelo de pensar biológico, o modelo tecnológico tem a vantagem de não cansar, possui a capacidade amplificada de busca, e o esquecimento é quase zero.
“É como se nós criássemos um grande cérebro digital, onde fossem construídos pequenos elementos de busca e construção desse conhecimento adquirido. Então, nós podemos dizer que a inteligência artificial é na verdade uma busca do ser humano de reproduzir a capacidade humana de pensar e de agir. No entanto, com suas limitações de comportamentos e sentimentos”
Lauro Rosas, coordenador de Tecnologia Educacional da faculdade Santa Teresa
ChatGPT
Segundo o engenheiro de software, Caio Viga, no caso do ChatGPT, ele é um tipo de IA que funciona com base no aprendizado de máquina, com redes neurais profundas.
“O Chat GPT funciona por meio de uma arquitetura de rede neural conhecida como ‘Transformer’, que permite ao modelo entender o contexto e gerar respostas relevantes. Ele é alimentado com uma entrada textual, processa essa informação internamente e gera uma resposta com base no conhecimento que adquiriu durante o treinamento”
Caio Viga, engenheiro de software
As redes neurais, conforme o coordenador de tecnologia Lauro Rosas são responsáveis pelo processo de busca e processamento de conhecimento. Elas passam treinamento, onde são alimentadas por um gigantesco número de textos, com os quais elas apreendem as informações.
“Baseado nisso, como é um modelo de linguagem, ele consegue criar textos coerentes, com sentido. Seguindo as regras da gramática de vários idiomas. Então, esses sistemas de inteligência artificial baseados em linguagem conseguem fazer tradução de forma muito rápida e respeitando as regras gramaticais coisa que o ser humano teria certa dificuldade e o tempo de aprendizagem seria muito maior”, explicou.
Celeridade às pesquisas
Além da vantagem da IA não cansar como a mente humana, ela também possui uma curva de aprendizagem muito mais rápida do que um humano. Essa rapidez também é presente na velocidade de resposta.
“Podemos ter conjuntos de bancos de dados muito grandes. A inteligência artificial, assim como a humana, consegue buscar as informações em diversos lugares de que disponibilizam conhecimento. No entanto, a inteligência artificial faz isso de forma muito mais rápida, muito mais ampla e exaustivamente buscando sempre a melhoria”
Lauro Rosas, coordenador de Tecnologia Educacional da faculdade Santa Teresa
Para Lauro Rosas, a IA não veio para substituir conhecimentos. A IA, na verdade, consegue trazer o conhecimento já desenvolvido pelo ser humano, de forma rápida, como um “complemento aos novos conhecimentos”.
“A IA é uma grande uma grande enciclopédia rápida de pronto acesso. Desta forma, nós conseguimos trazer celeridade aos processos humanos como desenvolvimento de pesquisas, e busca de novos resultados. Imagina quanto tempo levaria pra se fazer todos os cálculos astronômicos, que hoje você faz isso com a IA em questão de minutos”
Lauro Rosas, coordenador de Tecnologia Educacional da faculdade Santa Teresa
Com esta nova ferramenta, de acordo com Lauro Rosas, o ser humano seria o tomador de decisões, enquanto a inteligência artificial o elemento da busca da informação rápida e precisa.
Expansão da IA
Ainda que a inteligência artificial não seja algo recente, ela ganhou notoriedade com a popularização do ChatGPT. Desde então, empresas de tecnologia têm investido ainda mais em pesquisas que envolvem a IA. Com a evolução tecnológica, o mecanismo tecnológico tende a sofrer novas expansões.
Na saúde, por exemplo, o engenheiro de software Caio Viga aponta que na medicina, a IA “conseguirá prever novas epidemias, ajudar em diagnósticos mais precisos e no monitoramento de pacientes”.
O coordenador de Tecnologia Lauro Rosas destacou que com a IA os processos governamentais serão mais simples e rápidos, assim como serão executados de forma mais correta. “Nós podemos dizer que ela vai começar a fazer mais parte do que já faz do nosso dia-a-dia”. Outro ponto importante com a evolução da mecanismo tecnológico será em pesquisas nas áreas da agropecuária, agricultura e biológicas.
“Nós vamos ter futuramente o desenvolvimento de tecnologias ou de Inteligência Artificial que serão elementos de ajuda no processo de cuidados de seres humanos, e de cuidados de animais. A Inteligência Artificial também vai entrar com força nas pesquisas biológicas, agropecuárias, e da agricultura”, completou Rosas.
Problemas e Desafios
Além do pacote dos benefícios da IA, há também problemas e desafios. Conforme o engenheiro de software Caio Viga, a Inteligência artificial pode apresentar respostas baseadas em preconceitos e discriminações. Isso porque, ela está programada a partir do conhecimento humano, o qual carrega subjetividades e vieses.
“É importante garantir que os sistemas de IA protejam adequadamente as informações sensíveis e sejam resistentes a ataques cibernéticos”
Caio Viga, engenheiro de software
O engenheiro de software também alerta para a necessidade de cuidados com a IA à medida que ela evolui e se torna uma arma perigosa. “É importante estar atento aos desafios éticos, legais e sociais que possam surgir, como a criação de armas autônomas, manipulação de informações e a própria compreensão do que significa ser inteligente“.
Há também a consequência de perda de empregos. Com a IA, alguns trabalhos podem acabar obsoletos e deixando de existir. Essa realidade já acontece hoje em dia, com o desaparecimento de funções como atendentes de supermercado e frentistas. No entanto, novas profissões podem surgir.
Conforme o coordenador de tecnologia Lauro Rosas, empregos como bibliotecário, advogado, áreas do desenvolvimento de software e artistas gráficos são algumas das áreas ameaçadas de serem extintas.
“Então, muitas profissões deixam de existir para novas profissões, como os engenheiros prompt. São os engenheiros que vão criar inteligências artificiais mais profundas, com redes neurais mais eficientes. As profissões vão mudar. O ser humano vai deixar de fazer o trabalho braçal para o trabalho intelectual em apoio à IA”, explica Rosas.
Regulamentação
De acordo com o engenheiro de software Caio Viga, a regulamentação é um passo crucial para que o uso da IA seja baseado na ética, e no uso seguro e responsável da tecnologia.
“A União Europeia tem sido proativa na discussão e implementação de regulamentações sobre IA, como o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR) e a proposta de Regulamento de Inteligência Artificial. Essas medidas visam proteger os cidadãos e estabelecer diretrizes claras para o desenvolvimento e uso da IA”, disse.
Caio Viga, engenheiro de software
Na realidade brasileira, já há um volumoso campo de estudos e startups sobre a IA. Neste sentido, conforme Caio Viga, é necessário que o poder público acompanhe as discussões internacionais, e “trabalhe para estabelecer políticas e regulamentações adequadas. Isso ajudaria a promover a inovação responsável e a proteção dos direitos dos indivíduos frente aos desafios trazidos pela IA”.