Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Após o repórter correspondente da Rede Amazônica, afiliada da Rede Globo, Raulim Magalhães, ficar em meio a um tiroteio entre policiais e garimpeiros no município de Humaitá, a 698 quilômetros de Manaus, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas (SJPAM) informou ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS que irá ingressar com uma representação junto ao Ministério Público do Trabalho do Amazonas (MPT-AM).
De acordo com o sindicato, será solicitado que o grupo de comunicação se pronuncie oficialmente sobre o caso que ocorreu na quarta-feira, 21/8.
O repórter Raulim Magalhães durante sua entrada ao vivo, estava no local do intenso tiroteio entre os garimpeiros e os policiais, correndo risco de ser atingido pelos disparos, sem colete de proteção e outros itens de segurança que os jornalistas devem usar neste tipo de cobertura. A transmissão foi interrompida pela afiliada ao perceberem o risco que o profissional estava submetido no momento do ataque.
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O Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com o presidente do Sindicato, Wilson Reis, que falou sobre a precarização do trabalho através de ações que ferem os direitos e a dignidade dos jornalistas não somente no estado do Amazonas, mas em todo o país.
“A responsabilidade primeira sobre integridade física e mental dos seus empregados pertence à empresa a quem ele está vinculado, tendo como referência os procedimentos de prevenção necessários a cobertura jornalística a casos como o ocorrido no município de Humaitá, no Amazonas. Queremos saber também se a empresa tem um plano de segurança para os jornalistas”, destacou.
De acordo com o sindicato, assim que for dada entrada com o pedido junto ao Ministério Público do Trabalho para acionar a emissora a dar explicações, o jurídico do Sindicato dos Jornalistas irá acompanhar de perto a situação. “Em nome das garantias ao exercício dos jornalistas que, diariamente,
produzem notícias para bem informar a sociedade, exigimos condições de trabalho seguras, com avaliação dos riscos das pautas e fornecimento de equipamentos de proteção individual, caso necessário”, afirmou o SINJOR/AM em nota.
A vice-presidente do SJPAM, jornalista Paula Litaiff, também se pronunciou em suas redes sociais: “Irresponsabilidade da empresa”, frisou.
Cobertura de conflitos
Ao cobrir conflitos, os jornalistas devem estar cientes dos riscos e tomar medidas para minimizá-lo. Por exemplo, podem:
- Identificar o momento de interromper a cobertura e buscar abrigo em um local seguro
- Analisar ameaças em potencial e estar preparados para tomar decisões de segurança no calor do momento
- Ter em mente quem são as figuras e grupos envolvidos no conflito, quais as suas motivações e quais as questões ocultas por trás do conflito
Os jornalistas também podem considerar não dividir informações com qualquer indivíduo.
Operação Prensa
A Polícia Federal, em ação conjunta com a Funai e o Ibama, deflagrou desde a última segunda-feira , 20/8, a Operação Prensa, e, somente três dias de operação, já inutilizou, até o momento, 223 balsas de garimpo que estavam atuando de forma ilegal no Rio Madeira e seus afluentes, Rio Aripuanã e Rio Manicoré.
A Operação conta com a participação de policiais federais especializados, que percorrerão municípios do Sul do Amazonas, com o objetivo de combater os crimes de garimpo ilegal cometidos na localidade. A ação será contínua e com prazo indeterminado para finalizar.
A prática da atividade na região, além de causar danos ao meio ambiente e à saúde pública em virtude da contaminação do rio por mercúrio e cianeto, também interfere na cultura de povos tradicionais, uma vez que áreas indígenas chegaram a ser invadidas pelos criminosos na região.