Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A recente posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos trouxe à tona uma postura que prioriza os interesses norte-americanos, o que pode gerar dúvidas sobre como será o relacionamento do país com o Brasil.
Durante seus primeiros minutos sentado à mesa do Salão Oval da Casa Branca para um segundo mandato, Donald Trump afirmou que Brasil e América Latina precisam “mais dos EUA do que os EUA precisam deles”. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ofereceu a continuidade das parcerias e desejou êxito a Trump.
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O sociólogo e analista político Luiz Carlos Marques disse em entrevista ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS que embora o novo presidente americano tenha falado sobre a manutenção da paz, sua trajetória política, tanto interna quanto externa, tem sido pontuada por ações militares e uma retórica agressiva.
“Com relação ao Brasil, a administração Trump parece adotar uma postura de desdém, ignorando a importância econômica do país. O Brasil é um parceiro vital, sendo o maior exportador de alimentos para os EUA e fornecendo matérias-primas essenciais para a indústria americana”, comentou o especialista.
Luiz Carlos ressaltou que o Brasil se destaca como líder do mercado na América do Sul e um dos principais membros do BRICS. Para ele, a colocação de Trump em relação ao Brasil pode ser interpretada como uma tentativa de impor uma nova dinâmica ao Sul Global, que não encontra justificativa dado o papel estratégico do Brasil.
“A impressão que fica é que Trump, consciente da decadência do império americano, opta por uma retórica agressiva ao invés de buscar a colaboração mútua. O ‘sonho americano’ parece estar em crise, refletindo um mundo dividido em múltiplas potências, onde a influência dos EUA está em declínio”, opinou o sociólogo.
O analista político ainda alertou que essa abordagem pode levar a um aumento das tensões globais e a um cenário de conflitos imprevisíveis. “No entanto, espera-se que os Estados Unidos reconheçam que a colaboração com países como o Brasil é essencial para a paz e a prosperidade”, falou Luiz Carlos.
Taxação ao Brasil
O sociólogo frisou que se os EUA decidirem taxar produtos brasileiros, isso poderia representar uma oportunidade para o Brasil fortalecer seu mercado interno, permitindo que o país se concentre em atender à demanda local em vez de exportar seu excedente. Essa mudança poderia resultar em preços mais acessíveis para os brasileiros.
“O Brasil, por sua vez, deve continuar a defender sua soberania e os interesses de seu povo, buscando sempre um diálogo construtivo. O futuro das relações entre os dois países dependerá da capacidade de ambos de reconhecerem suas interdependências e trabalharem juntos em um mundo cada vez mais globalizado”, completou.