Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Do início de setembro até a última sexta-feira, 29/9, o nível do Rio Negro registrou uma baixa de 8 metros, colocando a situação atual a menos de 2 metros de atingir o patamar da maior seca da história ocorrida em 2010, quando marcou 13,63 metros. O último registro do nível do rio estava em 15,88 metros.
O processo de vazante começou em 17 de junho, quando o rio registrava 28,29 metros de altura, e desde então, vem diminuindo constantemente. A medição do nível do rio é realizada pelo Porto de Manaus.
Nos últimos 20 anos, a média de vazão em períodos de seca foi de 4,38 metros. Em algumas áreas, como o lago de Tefé, a água praticamente desapareceu, prejudicando tanto a mobilidade das comunidades quanto sua fonte de alimento, que depende da pesca. A qualidade da água também está comprometida, com temperaturas elevadas e níveis baixos de oxigênio, levando à morte de peixes e mamíferos aquáticos.
Leia também: Pesquisadores temem pela extinção de botos da Amazônia devido à estiagem
Nos últimos 15 dias, a situação só piora com uma redução de cerca de 30 centímetros diariamente. Essa marca é considerada alta pelos especialistas, e a tendência é de mais estiagem. Até dezembro, a previsão é de que 38 dos principais rios da Amazônia continuem com vazões abaixo da média histórica, afetados pelas mudanças climáticas e pelo fenômeno El Niño.
Alguns lugares da capital também enfrentam sérios problemas devido à seca. O Lago do Aleixo, na zona Leste, secou completamente, deixando apenas lama no local.
Além dos impactos nas comunidades e na mobilidade, a seca facilita a propagação de incêndios na região, como o que ocorre em Iranduba, a 27 quilômetros de Manaus, onde um grande incêndio florestal está em curso, dificultando o combate devido à área de difícil acesso.
Diante da gravidade da situação, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, anunciou ações emergenciais do governo federal para auxiliar as populações afetadas pela seca na Amazônia. As medidas incluem o envio de medicamentos, água e cestas básicas, a antecipação do período de defeso da pesca e a liberação de recursos do FGTS.
A seca intensa que afeta a Amazônia representa um desafio não apenas para as comunidades locais, mas também para a flora e fauna da região, que não têm tempo para se adaptar a essa mudança drástica em seus habitats. O impacto dessa crise é sentido em várias dimensões da vida na Amazônia, desde a segurança alimentar das populações ribeirinhas até a sobrevivência de animais aquáticos e terrestres.