Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O Rio Negro, que recentemente apresentou o fenômeno de repiquete, voltou a subir 24 centímetros nos últimos quatro dias, atingindo a marca de 13,20 metros nesta terça-feira, 21/11.
Conforme o monitoramento diário realizado pelo Porto de Manaus, na última sexta-feira, 17/11, o rio permaneceu estável, sem registrar nenhuma alteração em seu nível. No entanto, desde sábado, 18/11, o rio voltou a subir continuamente.
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O registro de elevação vem após um período de descida do rio, no qual alcançou a marca mínima histórica de 12,70 metros, atingindo o nível mais baixo em 121 anos.
Diante da atual situação, a recente subida oferece novamente a perspectiva de normalização no nível do Rio Negro. Este fenômeno ocorre em meio a um período de seca considerado o mais severo da história do Amazonas.
Segundo a pesquisadora do Serviço Geológico do Brasil, responsável pelo projeto de monitoramento das cheias e vazantes, Jussara Socorro, a subida do rio é reflexo da elevação no Alto Solimões, que aos poucos ajuda na recuperação de outras estações.
“O volume de água que está chegando no Rio Negro, na estação de Manaus, é resultado das contribuições da região de cabeceira (como é o caso do Alto Solimões) que nas duas semanas anteriores apresentaram recuperação e voltaram a subir. Esse volume está sendo distribuído ao longo da bacia, se essa elevação se consolidar, haverá a recuperação do nível do rio não somente nessa estação, mas também no restante da calha, que é um contribuinte do rio Negro em Manaus”, explicou a pesquisadora.
Impactos
Apesar da expectativa gerada pelo período de elevação, o fenômeno do repiquete fez com que o Rio Negro voltasse a descer e atingir a cota de 12,96 metros, no dia 17 de novembro.
Agravando a situação, as chuvas abaixo da média e o impacto do El Niño contribuíram para uma seca prolongada, resultando na declaração de situação de emergência em todos os 62 municípios do Amazonas. Cerca de 598 mil pessoas em todo o Estado são afetadas.
Segundo a pesquisadora, apesar de não haver um prazo para o retorno do rio ao seu nível “normal”, existe a expectativa de que continue subindo.
“Essas elevações de nível do rio estão relacionadas às precipitações nas regiões de cabeceira. Segundo os boletins climáticos, há previsão de chuva na região dos Andes e na semana seguinte. Também há previsão de chuva em toda a bacia, assim, há uma tendência dos rios da bacia voltarem a subir nas próximas semanas”, disse Jussara.