Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A rede social X, antigo Twitter, foi suspenso no Brasil no dia 31 de agosto, após uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que ordenou o bloqueio da plataforma no país.
A rede social parou de funcionar em várias regiões, e depois em todo o país, o que gerou grande repercussão entre os usuários. Com isso, muitos se perguntaram como isso ocorre, visto que o ministro também determinou a aplicação de multa para quem utilizasse VPN (Rede Virtual Privada ou virtual private network).
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O técnico em telecomunicações, Giliade Paulino, explicou ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS como se dá tecnicamente o bloqueio de uma rede social no Brasil.
Segundo ele, esse tipo de ação envolve uma série de procedimentos que afetam a estrutura da internet no país, especialmente no que se refere ao tráfego de dados e interconexões internacionais.
Para entender melhor
Paulino destacou que a internet é formada por uma série de redes interconectadas, e cada uma dessas redes possui sua própria identidade através do ASN (Autonomous System Number ou Número de Sistema Autônomo).
“A União Internacional de Telecomunicações (UIT) desenvolveu o ASN, um código que identifica o sistema autônomo dentro da internet. Cada provedor de serviços, seja de trânsito ou de acesso à internet, tem um número de registro”, explicou.
O técnico detalhou que no Brasil existem três principais pontos de interconexão global, localizados em Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo, onde cabos submarinos fazem a ligação com outros países, enquanto satélites atuam como suporte.
Esses pontos, conhecidos como PTTs (Pontos de Troca de Tráfego), são importantes para a troca de dados entre redes nacionais e internacionais. O PTT, é uma infraestrutura física que permite a conexão de redes de conteúdo e provedores de internet para troca de tráfego de internet.
“O PTT é essa parte física, como se fosse uma grande rodovia entre um país e outro e dentro dessa rodovia vai passar os veículos que seriam os serviços, cada operadora vai ter sua distribuição de IP, de rota“, exemplificou o técnico.
Como ocorre o bloqueio
Sobre o bloqueio da rede X, Paulino explicou que a ação se deu por meio do bloqueio do ASN da plataforma no Brasil.
“A rede social X tem dois ASNs no Brasil, e o ASN de distribuição interna do X foi bloqueado. Isso significa que o site e o aplicativo ainda estão operando normalmente fora do Brasil, mas o acesso ao site foi bloqueado no território nacional”, esclareceu.
“Quem está no Brasil não consegue acessar a rede social, mas quem está fora consegue acessar o ‘X brasileiro’, pois o ASN que faz trânsito do Brasil para o resto do mundo continua operando”, completou.
Ele também fez uma analogia para simplificar o entendimento técnico de como ocorre o bloqueio do X no Brasil.
“O ASN é como o bairro em que você mora, enquanto o IP (endereço de Protocolo de Internet) é o endereço da sua casa. Quando o bloqueio do ASN é realizado, toda a rede de um provedor específico fica indisponível naquela região, que neste caso é o Brasil”, explicou.
Com a decisão judicial e o bloqueio, o X permanece acessível apenas via conexões externas, enquanto os IPs brasileiros estão impedidos de acessar a plataforma.