Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O escritor e dramaturgo amazonense Márcio Souza, 78 anos, morreu nesta segunda-feira, 12/8, deixando um legado de contribuição para a cultura e a literatura do Amazonas. O escritor também era jornalista, diretor de cinema, romancista, roteirista e diretor da Biblioteca Pública do Amazonas.
A Academia Amazonense de Letras, da qual foi acadêmico titular na cadeira de nº25 desde 2004, confirmou o falecimento do escritor nesta segunda através de uma nota de pesar divulgada nas redes sociais.
“A Academia Amazonense de Letra lamenta o falecimento do Acadêmico Márcio Gonçalves Bentes de Souza. Que nesse momento de tristeza e luto haja paz, conforto, coragem e amor. Nossos sentimentos”, diz o texto assinado pelo presidente Aristóteles Comte de Alencar Filho.
Leia mais: Morre o ex-ministro Delfim Netto, aos 96 anos
Nascido em Manaus em 1946, estudou Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP) e escreveu grandes obras literárias como “Galvez, O Imperador do Acre”; “A Caligrafia de Deus”; “Lealdade”, pelo qual recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 1997; e “Mad Maria”, seu livro de maior destaque e que deu origem à minissérie de mesmo nome, de Benedito Ruy Barbosa, produzida pela TV Globo em 2005.
Márcio Souza também teve destaque como cineasta e dirigiu o filme “A Selva”. Na dramaturgia, escreveu peças como “As Folias do Látex” e “Tem Piranha no Pirarucu”. Como roteirista, é autor, entre outros, de “Rapsódia Incoerente”, “Prelúdio Azul”, e “Manaus Fantástica”.
Márcio esteve preso por algumas vezes durante o período da Ditadura Cívico-Militar. Em 1966, pela exibição da peça francesa “A Idade do Ouro”; em 1969 e 1972, em virtude de sua militância política. Também teve censurada a sua peça “Zona Franca, Meu Amor”.
Além disso, foi diretor de planejamento da Fundação Cultural do Amazonas; diretor do Departamento Nacional do Livro; presidente da Fundação Nacional da Artes (Funarte); e presidente do Conselho Municipal de Política Cultural da cidade de Manaus, além de ter sido professor assistente e palestrante em universidades do mundo todo.
Biblioteca Pública
Márcio Souza atuava como diretor da Biblioteca Pública do Amazonas e tinha uma relação antiga com o espaço. Desde criança, costumava ir até a Biblioteca Pública para ter acesso aos livros que chegavam mensalmente. Em abril deste ano, ele falou sobre sua missão de administrar o local que tanto admirava.
“Temos muitos senhores que ainda têm o hábito de vir aqui para ler jornal. Além disso, muitos universitários buscam o espaço para realizar pesquisas bibliográficas. Ainda contamos com as crianças, que geralmente vêm acompanhadas dos professores. É uma tradição muito antiga. Eu mesmo, mais novo, também realizava essas visitas”, disse o escritor à época.
Luto Oficial
O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), também lamentou a morte do escritor amazonense Márcio Souza, a quem classificou como um dos grandes nomes da cultura do estado. “Márcio deixa um rico legado para a literatura brasileira e, em sua memória, decretamos luto oficial de três dias”, destacou o governador.