Júlio Gadelha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O vereador Sargento Salazar (PL) se desculpou, nesta terça-feira, 18/2, pelo palavrão proferido durante a sessão plenária da Câmara Municipal de Manaus (CMM) na segunda-feira, 17. No entanto, aproveitou o momento para criticar colegas da base aliada que o repreenderam, mas que, segundo ele, se mantêm em silêncio diante dos contratos assinados pelo presidente da Casa, David Reis (Avante), sem processo licitatório.
“Eu vim aqui pedir desculpa pelo palavrão de ontem, e eu quero falar aqui, que a base que está me criticando, critique também os contratos sem licitações que são feitos por essa casa, tá bom?”, disse o parlamentar.
Críticas aos contratos sem licitação ganham destaque
Apesar da repercussão negativa do palavrão, Salazar redirecionou o debate para os contratos sem licitação assinados por David Reis. O parlamentar tem se destacado como um dos principais opositores à gestão do presidente da CMM e da administração do prefeito David Almeida (Avante).
O posicionamento do vereador evidencia um embate crescente na Câmara Municipal, onde a base governista tenta minimizar as críticas enquanto a oposição pressiona por mais transparência na gestão dos recursos públicos.
Contratos sem licitação somam mais de R$ 4,9 milhões
À frente da Câmara Municipal, o vereador David Reis firmou pelo menos cinco contratos sem licitação que, juntos, ultrapassam R$ 4,9 milhões. Entre os serviços contratados, estão:
- Manutenção predial – R$ 1,7 milhão para a Construtora Pilar.
- Serviço de manutenção da estação de tratamento de resíduos – R$ 219 mil com a empresa Supriente Saneamento e Construção Ltda.
- Abastecimento de veículos – R$ 1,5 milhão para o posto de combustível V8 Express.
- Serviços de copeiragem, jardinagem e garçons – R$ 928 mil, também para o V8 Express.
- Controle de pragas – R$ 550 mil para a Emops e-Control, para desinsetização, desratização e dedetização.
Polêmica começou após discurso sobre segurança pública
A controvérsia envolvendo Sargento Salazar começou durante seu primeiro pronunciamento na CMM, quando abordava a necessidade de cobrar não apenas o prefeito de Manaus, mas também o governador Wilson Lima (União Brasil), sobre questões de segurança pública. Na ocasião, ele acabou soltando um palavrão e foi repreendido pelo presidente da Casa.
“Aqui, eu como vereador, não vou cobrar só o prefeito. Eu também vou cobrar o governador do estado. Eu sou a voz do povo. Esse papo de que, ‘ah, o vereador não pode cobrar lá, só os deputados que cobram’. P*rra nenhuma. Aqui eu vou cobrar do governador também”, declarou.
Imediatamente, David Reis pediu que o vereador respeitasse o regimento interno da Casa e retirou a declaração dos registros da sessão plenária.
“Gostaria de pedir que vossa excelência, mesmo de forma efusiva, nos seus pronunciamentos, se atenha ao regimento, que não permite algumas palavras e vossa excelência não pode e não deve desrespeitar”, pontuou Reis.
Nas redes sociais, Salazar se desculpou pelo uso da expressão e justificou sua fala como um reflexo da indignação.
“Primeiro discurso não poderia ser diferente: cobrando o prefeito e o governador. Só peço perdão pela palavra de baixo calão ao final, mas quando fico com sangue nos olhos, é difícil me segurar. É muita indignação acumulada!”, escreveu.