Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Com 561 mil pessoas impactadas pelos efeitos da vazante no Amazonas, a seca de 2024 já deixou todos os 62 municípios do estado em situação de emergência, conforme o boletim sobre a estiagem divulgado pelo governo estadual.
A seca também transformou a paisagem local e intensificou os problemas enfrentados pelas comunidades. Com a redução do nível da água, pedras que normalmente ficam submersas, agora estão visíveis.
Além disso, o Rio Negro está a quase um metro de atingir a maior seca já registrada em Manaus, quando alcançou 12,70 metros em 2023. De acordo com dados do Painel do Clima do Amazonas, o rio de águas escuras mede 13,92 metros, nesta quinta-feira, 26/9.
Com a descida das águas de 22 centímetros, em média, o rio Negro deve superar a seca histórica nos primeiros dias de outubro.
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Embarcações suspendem viagens
As embarcações que realizam viagens entre os municípios do Amazonas anunciaram, em 19 de setembro, a suspensão temporária de suas atividades. A medida foi tomada devido às condições perigosas para a navegação, causadas pela seca que atinge a região nesta época do ano.
O rio Madeira, uma das principais hidrovias para o transporte fluvial de mercadorias e passageiros, está a cerca de três metros abaixo do nível considerado normal para o período.
Nas últimas semanas, têm sido recorrentes os relatos de acidentes envolvendo embarcações em toda a região do Amazonas devido às condições dos rios, como encalhes e colisões com bancos de areia ou rochas.
Mortandade de peixes
A seca que afeta o Amazonas também impacta o consumo do prato típico da região, visto que a mortandade dos peixes, em decorrência do calor extremo, tem afetado a vida de quem depende da venda do pescado para seu sustento. Além disso, a logística se tornou o principal problema devido à redução dos níveis dos rios.
O presidente da Federação de Pescadores do Amazonas (Fepesca-AM), Walzenir Falcão, destacou em REPORTAGEM que muitos pescadores estão enfrentando dificuldades para chegar aos locais tradicionais de pesca.
“Estamos sendo severamente afetados pela grande seca e estiagem que ocorrem na Bacia Amazônica. Nosso setor necessita de locais de pesca com profundidade adequada para exercer a atividade, pois nossos barcos saem carregados com gelo, ração e todos os equipamentos necessários, além da tripulação“, concluiu.
Queimadas desenfreadas
Vale ressaltar que a seca no Amazonas tem sido intensificada por diferentes fatores. O aumento do desmatamento e das queimadas está diretamente ligado à crise hídrica na região.
O Amazonas já registrou mais de 21.600 focos de queimadas em 2024 e tem o pior índice em 26 anos, aponta dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Além disso, após a grande estiagem de 2023, especialistas apontam para uma seca ainda maior neste ano.
Medidas de enfrentamento
Em reunião com prefeitos e demais autoridades políticas do Amazonas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve em Manaus e anunciou medidas do Governo Federal para minimizar os impactos da estiagem no estado.
Os anúncios do presidente da República foram feitos na sede da Superintendência da Zona Franca (Suframa), em 10 de setembro, onde estiveram presentes no evento mais de 300 participantes, entre ministros e ministras de Estado, além de políticos amazonenses.
Entre as principais medidas estão a dragagem do trecho Manaus – Itacoatiara, no Rio Amazonas, no valor de R$ 92 milhões, a entrega de 150 purificadores de água para a Defesa Civil do estado do Amazonas.
E ainda, a antecipação do pagamento do Bolsa Família para o dia 17 de setembro devido à seca severa que atinge a região Norte, além da assinatura de um contrato para iniciar as obras de 20 km na BR-319.