Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A implementação do cronograma do Novo Ensino Médio (NEM) foi suspensa por 60 dias, após a publicação de uma Portaria no Diário Oficial da União (DOU) nesta terça-feira, 5/4. A medida foi considerada uma vitória para movimentos sociais e professores. Porém, as reivindicações devem continuar com a finalidade de que o modelo educacional seja, de fato, revogado.
No Amazonas, a presidente da União dos Estudantes Secundaristas do Amazonas (UESA), Jhennifer Nicoly, confirmou a realização de mobilizações no estado. Ao portal RIOS DE NOTÍCIAS, ela afirmou que o movimento seguirá a convocação da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), que anunciou atos em todo país para o dia 19 de abril.
No momento, a UESA do Amazonas articula discussões com alunos e professores. Em breve, o local do ato será divulgado.
“A importância da mobilização é sem dúvida para mostrar que os estudantes estão na luta e que não vamos permitir que façam com nós estudantes o que eles querem. A mobilização serve pra mostrar para o governo que os estudantes são unidos para lutar pelos seus direitos e que não vamos parar enquanto esse Novo Ensino Médio não for revogado”, defendeu a presidente da UESA do Amazonas”
Jhennifer Nicoly, presidente da UESA
Entre as críticas ao Novo Ensino Médio, Jhennifer apontou que as escolas públicas do Brasil não tem estrutura para implantar a reforma. Também ressaltou que disciplinas importantes como história e filosofia perderam espaço por não serem mais obrigatórias. “Isso não é correto. Há diversos alunos que desejam ser professores em disciplinas que infelizmente estão sendo cortada nessa reforma”.
“Mas, a principal crítica, sem dúvidas, é que essa decisão foi tomada por pessoas do poder, que não sabem e não vão viver o que estudantes vivem hoje diariamente nas escolas. Temos a representação máxima dos estudantes, a UBES, e essa reforma poderia ter sido construída em parceria com UBES que está constantemente lutando pelo direito dos estudantes secundaristas“, disse.
Repercussão
A medida foi comemorada por professores e movimentos sociais, que pressionavam por uma maior participação de estudantes e profissionais da educação na elaboração do NEM. Outros setores, no entanto, criticaram a suspensão.
Pouco antes da publicação, o ministro da Educação, Camilo Santana, informou, nas redes sociais, sobre a decisão final de suspender a implementação do Novo Ensino Médio. A medida veio após o ministro ter dialogado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) foi um dos movimentos sociais que se mobilizou contra a implementação do Novo Ensino Médio.
Nas redes sociais, o grupo comemorou a suspensão da política governamental educacional, por analisarem a decisão como uma abertura de diálogo entre os movimentos sociais e o Governo Federal.
O coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e professor, Daniel Cara, destacou que a suspensão do NEM é um avanço. Porém, criticou a fala do ministro da educação, Camilo Santana, sobre a concepção da reforma.
Por outro lado, políticos e outras figuras públicas criticaram a suspensão do Novo Ensino Médio. O senador Sérgio Moro (União Brasil) apontou a decisão do Governo Federal como “negacionismo” e “revanchismo”.