Júlio Gadelha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A visita do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Manaus, no último domingo, 17/11, para anunciar novos investimentos em proteção ambiental e combate às mudanças climáticas, gerou críticas do senador Plínio Valério (PSDB). Em declarações ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS, o parlamentar classificou a visita como um “teatro” e destacou a descrença em relação ao cumprimento das promessas feitas pelo líder americano.
Biden anunciou um aporte de US$ 50 milhões (R$ 289,85 milhões) ao Fundo Amazônia, totalizando US$ 100 milhões desde 2021, e apresentou uma coalizão financeira de US$ 10 bilhões (R$ 57,9 bilhões) voltada à restauração, reflorestamento e redução de emissões.
Desses recursos, cerca de US$ 500 milhões (R$ 2,8 bilhões) seriam destinados a projetos para comunidades indígenas na Amazônia. No entanto, para Plínio Valério, essas promessas dificilmente se transformarão em ações concretas.
“O presidente Biden veio ao Amazonas mais para divulgar sua imagem no exterior a fim de dizer que os americanos estão ajudando. Ele prometeu na última COP, mas não veio um centavo. Agora está prometendo de novo e não virá. É tudo balela, teatro para enganar. Isso entristece quem conhece a realidade daqui, quem nasceu na beira do rio e viu o quanto somos enganados.”
Senador Plínio Valério
Plínio Valério também criticou a ausência de benefícios reais para a população local. “O Amazonas protege mais de 90% de sua floresta, mas mais de 60% da população vive abaixo da linha de pobreza. Essa história de proteger a floresta, de preserva e não cuidar do homem da Amazônia indigna quem vive aqui”, destacou.
Embora o anúncio de Biden inclua o aumento das contribuições ao Fundo Amazônia e a criação de programas para apoiar comunidades indígenas, a descrença de Plínio Valério reflete a percepção de muitos moradores da região, que não enxergam melhorias concretas em suas vidas.
O governo Biden anunciou no ano passado que planejava contribuir com US$ 500 milhões (R$ 2,8 bilhões) para o Fundo Amazônia ao longo de cinco anos. O anúncio foi feito em abril de 2023, mas só foram enviados US$ 100 milhões – a cifra foi considerada baixa pela diplomacia do Brasil e por especialistas na questão climática.
CPI das Ongs
O senador Plínio Valério, conhecido por sua atuação incisiva em relação à gestão de recursos na Amazônia, presidiu no ano passado a CPI das ONGs. Durante os trabalhos da comissão, foram levantadas diversas denúncias e evidências de corrupção e improbidade administrativa envolvendo organizações não governamentais que atuam na região. Entre as irregularidades apontadas, destacam-se a compra ilegal de terras e o desvio de recursos destinados à proteção ambiental e apoio às comunidades locais.
As investigações realizadas pela CPI geraram fatos que ate agora estão sendo apurados por órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU). Uma das principais frentes é a análise de contratos firmados com ONGs que receberam recursos do Fundo Amazônia. Há casos em que entidades foram contempladas com a segunda parcela de repasses sem prestar contas adequadas da primeira, revelando falhas graves no controle do uso do dinheiro público.