Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A saúde mental deve ser levada a sério não apenas no âmbito individual, mas coletivamente. Cuidar da saúde mental contribui para o desenvolvimento pessoal, ajuda a ter mais eficiência no trabalho, além de diminuir riscos de acidentes ocasionados pelo estresse e falta de atenção.
No mês de setembro existe uma campanha de conscientização e de prevenção ao suicídio, Setembro Amarelo. A iniciativa criada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) é alinhada a campanha mundial da Organização Mundial da Saúde (OMS) e neste ano tem como tema “Se precisar, peça ajuda!”.
A campanha invariavelmente influencia debates, discussões e abre alertas no contexto social, principalmente pós-pandemia da covid-19. Se diversas doenças patológicas necessitam de auxílio médico, bem como tratamento adequado, o pensamento suicida se apresenta como o estágio mais grave da depressão, e também necessita de cuidados, tratamento e, principalmente, prevenção. A falta de acesso a esses três pilares pode gerar transtornos irreversíveis, impactando a todos do mesmo circulo social que a vítima.
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Um estudo feito pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), apontou que, para cada suicídio, um grupo de até 20 pessoas é impactado diretamente com a perda da vítima. Ou seja, familiares e amigos também ficam prejudicados mentalmente e acabam adquirindo transtornos decorrente da perda. Muitas vezes um sentimento de culpa por perceber que não reconheceu os sinais.
A psicóloga Nazaré Mussa explica que mesmo com diversas campanhas, muitas pessoas que passam por este problema não buscam ajuda, daí a campanha do Setembro Amarelo destacar esse lema: Se precisar, peça ajuda! Além disso, o sentimento de culpa das pessoas que convivem com a pessoas que comete o suicídio é um ponto delicado.
A psicóloga destaca que a presença física e emocional de todos no ambiente faz toda diferença no convívio familiar.
“É muito delicado falar desse tema pois o familiar sempre se culpa quando algo dessa proporção acontece. Temos uma vida muito corrida, mas podemos fazer a diferença, quando estamos juntos com os nossos familiares. Estarmos de fato juntos e não usando as redes sociais. Muitas vezes, as pessoas estão de corpo presente e ausentes das emoções. É preciso ter presença tanto física quanto emocional”, enfatiza a pisicóloga, Nazaré Mussa.
Nazaré Mussa reforça que as causas de suicídio são múltiplas, muitas vezes é desafiador identificar os sintomas que a pessoa está passando. A decisão de tentar o suicídio é súbita, impulsiva e muito rápida, portanto, o que deve ser levado em consideração não está apenas no campo da psicologia, mas também no convívio pessoal. São as mudanças no comportamento que precisam ser observadas, destaca.
Mussa avalia a questão como “muita séria”, uma vez que a pessoa com depressão pode até demonstrar alegria, mas no fundo não está bem. Mas, quando você observa de fato seu comportamento vai perceber que existe alterações. Por exemplo: aquela pessoa que gostava e costumava sair, demonstrava alegria e começa a dar desculpas, sair com menos frequência, se isolar. E é preciso estar atento a esses sinais, prestar atenção em seus comportamentos, orienta.
Prevenção
Existem diversas maneiras de lidar com o estresse e compartilhar os problemas com amigos e familiares como alternativa eficaz de prevenção. Outra importante aliada é, sem dúvidas, a prática de alguma atividade física ou interativa que proporcione uma vida mais ativa e com pensamentos positivos.
“É comprovado ciêntificamente que cuidar do corpo reflete na saúde mental de forma positiva. Atividades físicas liberam hormônios e outras substâncias importantes para manutenção do humor. A leitura é uma importante aliada para previnir a depressão, aprender coisas novas, ter hobbies, viajar e se divertir são antídotos para pensamentos ruins que possam afetar a saúde mental”, reforça a psicóloga Nazaré Mussa.
Olhar atento, falar abertamente do problema, ter espaços saudáveis para haver a comunicação, quebrar barbadianas e tabus sobre o tema, entender as razões e nunca generalizar. Motivar mudança de comportamento e pensamento, traçar metas para saúde pública de prevenção, como por exemplo, palestras nas escolas, faculdades, repartições públicas e muitos outros lugares, com profissionais da psicologia e psiquiatria, também contribuem afirma Nazaré.
Tratamento
A também psicóloga Ione Santos explica que o tratamento adequado para a depressão e outros transtornos pode incluir terapia, medicação ou uma combinação dos dois. A terapia pode ser realizada individualmente ou em grupo e pode ajudar a pessoa a identificar e mudar padrões de pensamento e comportamento negativos que contribuem para o transtorno.
“A gente sabe que a depressão é uma doença patológica, assim como qualquer outra doença crônica, como diabetes, hipertensão, problemas cardíacos, então são doenças que precisam de tratamento médico”, explica Ione Santos.
É importante lembrar que o tratamento adequado para a depressão e outros transtornos mentais pode levar tempo e esforço. É fundamental buscar ajuda profissional e seguir as recomendações do médico e do terapeuta para alcançar a recuperação. Com o tratamento adequado, muitas pessoas conseguem superar a depressão e outros transtornos mentais e levar uma vida plena e feliz.