Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) — Pessoas com problemas renais no Amazonas precisavam se dirigir a outras capitais brasileiras para realizarem a cirurgia de transplante de rim. O procedimento hoje é possível ser realizado no Estado desde julho deste ano, quando se realizou a primeira cirurgia de transplante renal na rede pública de saúde do Estado. Contudo, o problema que mais aflige quem precisa de um transplante é o tempo de espera na fila por um doador de órgão, que pode durar anos.
Entre as diversas campanhas promovidas no mês de setembro, em todo o país se aderiu também à campanha Setembro Verde. Na capital amazonense, o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto foi o escolhido para a abertura da Semana Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, nesta quarta-feira, 27/9.
Entre as atividades, a equipe da unidade hospitalar promoveu palestras de conscientização e incentivo junto a profissionais e acompanhantes de pacientes internados, que serão realizadas até o próximo fim de semana.
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Segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), de janeiro a junho deste ano, 31.541 pessoas esperam pela doação de um rim, em todo o Brasil. Daí a necessidade de conscientizar a população sobre a importância de ser um doador.
O tamanho da fila foi escancarado e amplamente divulgado a cerca de um mês quando o apresentador Fausto Silva precisou fazer um transplante de coração, após ele apresentar agravamento de um quadro de insuficiência cardíaca.
O presidente da Associação Transplante de Órgãos, Gustavo Ferreira, destaca que após o diagnóstico da morte encefálica do paciente que pode ser um doador precisa ser autorizada pelos familiares. Somente após o consentimento da família, que a equipe de transplante é deslocada para os procedimentos, ao mesmo tempo que o paciente receptor é preparado.
Em casos como o transplante de rins, o doador só precisa manifestar o desejo para que os exames de compatibilidade sejam realizados. Foi assim com o amazonense Marcelo Lima, de 30 anos, que doou um rim para sua própria mãe, a industriária Micilene de Lima, de 46 anos. “Foi uma declaração de amor muito grande. Perguntei se ele tinha certeza e ele disse que sempre quis ser meu doador”, disse na ocasião a receptora.
Micilene revelou que passou a fazer hemodiálise depois de adquirir sequelas da Covid-19, em junho de 2020. Foram três anos nesta rotina, que consistia em passar pelo procedimento de diálise três vezes por semana.
A campanha Setembro Verde quer despertar nas pessoas o quanto o ato pode mudar a realidade de uma pessoa. É importante que as pessoas manifestem aos seus familiares que desejam ser doadores de órgãos.
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Transplantes no Amazonas
A Coordenação de Transplantes do Amazonas destaca que até o mês de agosto já foram realizados 45 transplantes de córneas e 14 de rins, números considerados animadores por especialistas. Ano passado foram realizados 106 transplantes de córnea no Estado.
O médico e coordenador de transplantes, Marcos Lins, frisa que para ser um doador é simples, não precisa registrar em documento, basta você conversar com seus familiares e manifestar a vontade de ser um doador.
Lins destaca, ainda, a importância da campanha e ressalta que ser um doador é um ato nobre e, que, dependendo do caso, um doador pode salvar de 8 a 10 pacientes.
Se a pessoa manifestar o desejo de doar seus órgão, as famílias terão menos resistência quanto a autorização em seguir o procedimento de captação de ógãos.
De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), 43% das famílias recusam a doação de órgãos de parentes após a morte encefálica, principalmente pela falta de conversa a cerca do assunto. E a legislação vigente no Brasil, determina que ainda que a pessoa tenha o desejo de doar os órgãos, em caso de morte, quem decide é a família. Daí a importância de deixar claro aos familiares, garantindo, dessa forma, que o desejo seja respeitado.
*Estagiário sob supervisão de Conceição Melquíades