Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Roubo de combustível, tráfico de armas e drogas, prostituição infantil, ataque de piratas dos rios nas comunidades, narcotráfico, biopirataria, extração ilegal de madeira, de areia, seixo, ouro e barcos pesqueiros com entorpecentes nos rios do Amazonas; vários são os problemas enfrentados por quem depende do rio para movimentar a economia da região.
Nesta sexta-feira, 8/3, os dirigentes do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial do Amazonas (Sindarma) e do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), estiveram reunidos com a cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Estado para debater ações voltadas para o combate da pirataria nos rios do Estado.
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No encontro, o presidente do Sindarma, Galdino Alencar, apresentou a proposta para que uma parte dos recursos do Fundo Amazônia sejam direcionados para a segurança, combate das quadrilhas e ao roubo de combustível, que fomentam diversos outros crimes como a prostituição infantil e o tráfico de armas e drogas, que se alastram cada vez mais nas bacias fluviais.
“Sabemos das dificuldades de logística e recursos do Poder Público para fazer frente a grande estrutura das quadrilhas. As transportadoras fazem o que está ao seu alcance, com tecnologia de rastreamento via satélite e escoltas armadas, que reduziram muito o sucesso dos assaltos, mas as tentativas e ataques são diários”, afirmou Alencar.
Parte dos recursos do Fundo Amazônia – criado em 2008 para captar recursos para projetos e ações ambientais na região – poderiam ser utilizados na segurança fluvial, uma vez que o roubo de combustíveis também fomenta garimpos ilegais e o desmatamento irregular da floresta.
“Apesar da tecnologia e reforço na estrutura das embarcações, há um sério risco de uma tragédia ambiental sem precedentes caso uma balsa com combustível sofra um dano, explosão ou vazamento irreversível durante o roubo do combustível ou de uma troca de tiros com os piratas”, alertou Galdino Alencar.
Combustível
A Marinha do Brasil esteve na reunião e, o secretário-executivo de Segurança Pública do estado, Agenor Teixeira, apresentou a atual estrutura do órgão no combate à pirataria, que inclui quatro bases e 56 lanchas rápidas, além do uso de tecnologias avançadas para monitoramento fluvial.
Teixeira também falou do projeto ‘Cinturão Verde’ que visa reforçar a segurança nos rios e destacou os altos custos operacionais, principalmente com combustível, por conta das longas distâncias.
Em resposta, o Instituto brasileiro de Petróleo e Gás sinalizou que irá avaliar um termo de cooperação – como o que o Sindarma firmou com a secretaria em 2017 – doando combustível e apoio técnico para que o Estado siga com as atividades de fiscalização e combate ao crime organizado fluvial.
Ações da SSP-AM
O Portal RIOS DE NOTÍCIAS entrou em contato com a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), para saber como o governo do Amazonas tem atuado no combate aos piratas dos rios e quais tem sido os resultados das ações.
A SSP-AM informou que tem realizados constantemente reuniões com os representantes do setor para buscar fortalecer as ações das Forças de Segurança no combate deste tipo de crime e, que a partir dos investimentos do Governo do Amazonas, tem aumentado o patrulhamento nos rios com apoio de lanchas blindadas e armamentos de grosso calibre, além de fiscalizações permanentes a partir das Bases Fluviais Arpão 1 e 2, Tiradentes e a Governador Paulo Pinto Nery.
A SSP-AM destaca que as ações nos últimos quatro anos gerou danos ao crime superiores a R$262.341.982,48, seja com apreensões de entorpecentes, embarcações, minério, caças e pescado.
Durante esse período cerca de 455 prisões foram registradas e mais de 5 mil munições e 184 armas de diversos calibres, dentre eles submetralhadores e fuzis foram apreendidos.
Em janeiro deste ano os trabalhadores dos portos, terminais e nos rios reclamaram de assaltos e até mortes. Sobre estes problemas específicos, a Polícia Militar do Amazonas esclareceu que reforça as ações do Sistema de Segurança Pública por meio do patrulhamento nos rios realizado pelo Batalhão de Policiamento Ambiental (BPAmb).
Na área do Porto da Ceasa, o policiamento ostensivo é realizado por viaturas motorizadas da 29ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom). Ainda são realizados Pontos de Relacionamento Comunitário e Visibilidade (PRCV’s), que são viaturas postas em locais estratégicos, visando ter maior proximidade com os frequentadores do local, além de agilizar o atendimento das ocorrências naquela região.
Além disso, as Forças de Segura ganharam reforço no efetivo com o chamamento de 1.704 aprovados em concursos da área de Segurança Pública. A ação representa um investimento do estado de R$ 12 milhões por mês.
Os aprovados prestaram concurso em 2022, ainda no primeiro mandato do governador Wilson Lima, 11 anos após último certame para as forças de segurança realizado pelo Estado.