Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O índice de Mortes Violentas Intencionais (MVI) na Amazônia Legal, em 2020, é 40,8%, conforme o projeto “Cartografia das Violências na Região Amazônica”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), é superior em comparação com a média dos demais municípios brasileiros.
O estudo aponta que a violência na região está diretamente relacionada com a destruição da floresta amazônica. A devastação ambiental na região é causada por diferentes crimes ambientais que se cruzam e retroalimentam uma cadeia econômica que passa por especulação imobiliária, lavagem de dinheiro, exploração de madeira à minérios e tráfico de pessoas e animais.
Como consequência da presença das atividades ilegais, além do alto nível de devastação ambiental, os Estados da Amazônia Legal apresentaram os maiores índices de violência em relação à média do país. Em 2020, a média de mortes violentas no Brasil era de 23,9 para cada 100 mil habitantes. Já na região da Amazônia é de 29,6. Os Estados que mais se destacaram pelo alto índice de mortes violentas foram Amapá com 41,7%, Acre com 32,9% e o Pará com 32,5%
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Violência
Dentro deste cenário, grupos criminosos são um dos principais agentes que ampliam a violência na região amazônica ao disputarem entre si território e rotas nacionais e internacionais de exportação de drogas.
Somado à presença dos grupos criminosos, o desmatamento e conflitos fundiários também intensificam a violência na região.
O estudo identificou que diferente do restante do Brasil onde as taxas de mortes violentas intencionais são maiores nas áreas urbanas, na Amazônia Legal as mortes violentas se sobressaem nos municípios rurais.
Entre 2018 e 2020, a Amazônia Legal apresentou aumento de mortes letais de 9,2%, enquanto que em outras regiões do país houve uma queda de 6,1%.
Em relação ao Amazonas, o estudo descreve que o rio Solimões está tomado por facções criminosas como Comando Vermelho (CV), Família do Norte (FDN) e o Primeiro Comando da Capital.
Outro grupo que torna ainda mais complexa a rede de organizações criminosas que atuam na região é a Família do Coari formada por ‘piratas’ que movimentam drogas pelos rios da região do município de Coari, a 362.44 quilômetros de Manaus.
“A mera militarização e/ou envio de forças de segurança de fora da região para suprir demandas pontuais de comando e controle não só é extremamente cara, mas pouco efetiva. É preciso investir no fortalecimento de mecanismos integrados de comando e controle, que conectem esferas Federal e estadual e, em especial, diferentes órgãos e Poderes (Polícias, MP, Defensorias, IBAMA, ICMBio, Judiciário, entre outros)”, diz o estudo.
O projeto teve o apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS) e parceria de pesquisadores do Grupo de Pesquisa Territórios Emergentes e Redes de Resistências na Amazônia (TERRA), da Universidade do Estado do Pará – UEPA. Conforme a pesquisa, os caminhos para combater atividades ilegais como narcotráfico, desmatamento, grilagem de terras e garimpos ilegais passam por ampliação e fiscalização de diferentes atores e setores.