Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Antes mesmo do sol nascer, trabalhadores ambulantes da capital amazonense já se preparam para começar o dia de trabalho. Muitos deles viram na atividade informal uma maneira de conseguir ganhar a própria renda. Apesar da dura rotina, eles relatam que o dinheiro das vendas é suficiente para sustentar a família e as demandas da casa.
Toda manhã, há 15 anos, Renato Coutinho, de 47 anos, chega às 6h na avenida Constantino Nery com uma caixa recheada de bolos. Em seguida, ele se ajoelha na calçada e inicia sua oração. Religioso, o vendedor ambulante afirmou que é uma forma de expressar gratidão.
“Eu faço todas as manhãs as minhas orações para todo mundo que trabalha, para os empresários, e para todo mundo dessa área”, afirmou.
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O local, nas proximidades da universidade Fametro, é seguro, de acordo com Renato. O trabalhador também se sente tranquilo em fazer as orações por saber que já é conhecido por quem passa pela avenida. Em relação a renda, ele admite que é baixa, mas consegue pagar as contas. “O trabalho para todo mundo é duro, basta você ter fé em Deus e confiar”.
Antes de se instalar no local, Renato também já vendeu bombom, din-din e frutas no Centro e depois na Djalma Batista. “Trabalhei três anos no Distrito, e eu estava na lista dos que iam pegar as contas. Ai eu comecei a vender bombom, já vendi din-din, já vendi fruta. Estou há 15 anos vendendo bolo”, contou.
Família
Nos dias que José Pereira, de 68 anos, avalia que pode render um grande retorno financeiro, ele, sua esposa e a cunhada levantam às 2h da madrugada para preparar os alimentos, com o objetivo de chegar às 6h no local de trabalho: um café da manhã instalado na calçada da Constantino Nery, zona Centro-Sul de Manaus.
Conforme José, ele e a família abriram o comércio há seis anos por “necessidade”. A escolha para abrir a tenda de café da manhã na Constantino Nery veio em razão do grande fluxo de pessoas no local que é cercado de condomínios, universidade e escola.
“Graças a Deus encontramos este lugar aqui, nós fomos bem recebidos. Todos nós nos sentimos bem. A gente trabalha à vontade. Os alunos gostam dos nossos produtos e dos preços”
José Pereira, ambulante
Com quase 70 anos, José busca todos os dias disposição e saúde para sair para trabalhar. “Estando com saúde não temos nenhuma dificuldade, a gente encara e vai levando tudo de boa”. Mesmo o trabalho sendo árduo, o retorno das vendas é suficiente para fazer uma reserva.
“A renda é boa. Dá até para fazer uma reserva e tirar férias. Quando os alunos tiram férias a gente entra em recesso”
José Pereira, ambulante
Café da manhã
Às 4h da manhã, Everton Almeida, de 23 anos, acorda para preparar o café da manhã e iniciar suas atividades. A ideia de trabalhar com venda de alimentos na calçada da avenida Constantino Nery surgiu quando ainda trabalhava em uma loja da região.
Na época, ele frequentava um café da manhã próximo ao antigo trabalho, onde conversava constantemente com o dono do comércio sobre o setor de vendas. Foi durante as conversas que ele se interessou em trabalhar com a venda de café da manhã.
“Eu sempre quis trabalhar com café, mas não tinha coragem. Conversei com esse rapaz, e ele me disse que queria ir embora. Assim que ele saiu eu me instalei. Pedi para me instalar e fiquei no lugar dele”
Everton Almeida, ambulante
Mesmo com a dureza do trabalho, Everton afirmou que recebe um ótimo retorno com as vendas e sempre aconselha a quem se interessa pelo trabalho a seguir com o ramo.
“A renda é boa. Eu sempre aconselho. Geralmente, quando eu pergunto de quem já trabalhou com isso, eles dizem para não sair da carteira assinada. Mas quem pergunta de mim eu sempre aconselho. Não é fácil acordar cedo, trabalhar na rua e dar a cara à tapa, tem que pegar sol e chuva, mas a renda é muito boa”, frisa Everton.