Nayandra Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Quatro policiais militares foram presos na manhã deste sábado, 14/12, em Manaus, suspeitos de agredir e prender de forma ilegal um comerciante no bairro Colônia Santo Antônio, zona Norte. A operação, batizada de “Forja”, foi conduzida pelo Ministério Público do Amazonas (MPAM), com o apoio de diversos órgãos da polícia e promotorias.
O caso ganhou repercussão após a divulgação de um vídeo, registrado por câmeras de vigilância, que mostra os policiais abordando o comerciante enquanto ele estava sentado em seu estabelecimento.
Nas imagens, dois PMs entram no comércio, agridem o homem, dão um tapa em seu rosto e o imobilizam, sem apresentar qualquer justificativa clara. Em seguida, um policial retira o homem à força do local, enquanto o outro realiza uma vistoria improvisada no comércio.
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De acordo com o MPAM, as prisões preventivas dos quatro PMs foram determinadas após o juiz Fábio Lopes Alfaia acatar a solicitação do promotor Armando Gurgel, responsável pela 60ª Promotoria de Justiça Especializada no Controle Externo da Atividade Policial e Segurança Pública (Proceapsp).
As investigações revelaram que os policiais registraram no Boletim de Ocorrência uma versão “distorcida dos fatos”, afirmando que o comerciante havia sido preso em flagrante com drogas em via pública. Eles alegaram ainda que o homem teria entregado mais entorpecentes, mas o vídeo mostrou uma abordagem completamente diferente, caracterizando uma prisão forjada.
Após o incidente, a Promotoria iniciou uma investigação. O comerciante, que estava sentado em seu estabelecimento, foi agredido e preso de forma ilegal pelos policiais, sem que houvesse qualquer base para a acusação de tráfico de drogas. O promotor Armando Gurgel destacou que as circunstâncias demonstradas pelas imagens são incompatíveis com as versões apresentadas pelos PMs, configurando uma série de crimes, como extorsão, falsidade ideológica, abuso de autoridade e tortura.
Os policiais, todos lotados na 18ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), foram detidos e estão atualmente recolhidos no Batalhão da Polícia Militar. Eles devem responder por diversos crimes, incluindo os já citados, além de outros relacionados à violação dos direitos do cidadão.
O promotor Armando Gurgel se manifestou, alertando para o desvio de conduta dos agentes envolvidos: “Os PMs alegaram que o comerciante foi preso por envolvimento em crimes, mas as circunstâncias da prisão, reveladas pelo vídeo, mostram que a prisão foi forjada. Trata-se de uma ação ilegal, em que vários crimes foram cometidos. Orientamos a população a denunciar casos como este para evitar que situações semelhantes se repitam”, afirmou o promotor.
A operação “Forja” envolveu ainda o apoio do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça Criminais (Caocrimo/MPAM), do Departamento de Justiça e Disciplina da PM e da 18ª Cicom. Dessa forma, de acordo com o MPAM, as prisões preventivas visam garantir a ordem pública e responsabilizar os envolvidos pelos abusos cometidos.
Respostas
A REPORTAGEM entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) na última quarta-feira, 11/12, para questionar a conduta dos policiais envolvidos no caso, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.
Já a Polícia Militar do Amazonas (PMAM) esclareceu, por meio de nota, que a instituição não tolera esse tipo de postura.
“A Polícia Militar do Amazonas reforça que não tolera atitudes que contrariem os princípios da instituição e que a Diretoria de Justiça e Disciplina da corporação prestou apoio e devido acompanhamento no cumprimento dos mandados de prisão preventiva determinados pelo Poder Judiciário. Além disso, a Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar a conduta de possível crime militar dos envolvidos, assegurando a devida investigação e adoção das medidas cabíveis”, informou ao portal RIOS DE NOTÍCIAS.