Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A presidente eleita do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), Yara Lins, compareceu à Delegacia Geral nesta sexta-feira, 6/10, para formalizar uma denúncia contra o conselheiro Ari Moutinho. As acusações incluem injúria, ameaça e tráfico de influência.
Segundo o relato da conselheira, os xingamentos começaram quando ela cumprimentou o conselheiro Ari Moutinho e outros presentes: “Ele disse bom dia nada, saf…, p… e vad…”. Além disso, Ari Moutinho proferiu outras palavras de baixo calão demonstrando intenção de prejudicar a conselheira.
“Sou conselheira do Tribunal de Contas, presidente eleita. Mas, nesse momento não está aqui a conselheira, está aqui uma mulher que foi covardemente agredida no Tribunal de Contas, dentro do plenário antes da eleição para me desestabilizar.”, disse Yara acompanhada do filho e deputado federal pelo Amazonas, Fausto Jr (União Brasil-AM).
Yara Lins enfatizou a necessidade de punir o agressor para evitar futuros ataques como o sofrido por ela.
“Eu peço justiça! Justiça porque sou a única mulher, a única conselheira do Tribunal e represento as servidoras da minha instituição. Eu relutei muito em vir aqui fazer a denúncia, mas eu não poderia me acovardar como muitas por ameaças. Não aceito ameaças! Eu quero que a justiça puna o agressor para que acabe com a violência contra as mulheres.”, ressalta a conselheira.
Ela também comentou sobre o vídeo gravado durante a sessão em que Ari Moutinho a chamou de “vadia” após a agressão.
“Fui agredida dentro da minha função, dentro do plenário do Tribunal de Contas. O vídeo mostra depois que fui agredida, ele sarcasticamente tentou pegar no meu rosto e jogou beijo”, disse Lins.
A presidente eleita do TCE-AM ressaltou que não teme as ameaças e espera que as autoridades cumpram as providências e punições: “Não temo homem, não temo ameaças. Então eu peço justiça dos homens, que tomem as providências devidas”.
Acusações
Representando a conselheira Yara Lins, a advogada Catharina Estrella explicou que fez uma representação criminal, e as autoridades competentes estão iniciando uma investigação que envolve coletar depoimentos testemunhais e apreender materiais necessários. “Eu não considero que foi uma falha do conselheiro [Ari Moutinho], eu considero que foi um crime”.
“Foi feita uma representação criminal e, portanto, os órgãos de controle podem agir com a devida representação em denúncia, em seguir com as investigações, apreensão de materiais necessários, vídeos do que aconteceu na sessão, coleta de depoimentos testemunhais, toda uma investigação está se iniciando. E assim, o resultado disso vai chegar ao final de um relatório”, explicou Catharina.
A advogada também foi vítima de misoginia durante uma sessão no Tribunal de Justiça no dia 13 de setembro. Na ocasião, a advogada foi ofendida pelo promotor Walber Nascimento que a comparou com uma cadela.
TCE-AM se posiciona
Em comunicado à imprensa, o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas informou que “não houve comunicação ou solicitação sobre o ocorrido”. Confira a nota na íntegra.
“O Tribunal de Contas do Estado do Amazonas, por seu Presidente, em atenção a diversas solicitações de manifestação sobre o alegado incidente havido entre membros do Tribunal Pleno, no último dia 03 de outubro, na Sessão da Primeira Câmara na qual não se encontrava presente, informa que não recebeu qualquer comunicação ou solicitação referente ao assunto ocorrido e que, igualmente, não foi previamente informado sobre a entrevista coletiva concedida na data de hoje.
O presidente enfatiza, ainda, que o Tribunal de Contas, durante os últimos dois anos, implementou um sistema de integridade institucional, com códigos e comitês de ética pública, comissões de enfrentamento a qualquer espécie de assédio e discriminação, possuindo canais efetivos de comunicação de quaisquer irregularidades e desvios de conduta, inclusive com tratamento diferenciado às questões relacionadas às mulheres“.